segunda-feira, 21 de março de 2011

PAIXÃO É UMA ESTRADA TAMBÉM

A paixão é uma estrada da qual não se vê o fim.
Ela pode ser curta como um instante ou ser comprida como a própria vida.
Ela pode criar a ilusão de ser absoluta na fugaz realidade emprestada, ou, por fim... apenas um bocado do quase nada que restar.
A paixão  pode tudo se o invejoso despeito deixar... uma maçã grávida lançada no infinito chocando a serpente dentro dela...
Ela pode ser o louvor dos  sentimentos, e a penitência para o pecado não cometido.
Tem sido assim desde o princípio no paraíso, como um mal preciso ao equilíbrio universal.
Pode ser o grito do peito rasgando a blusa... a verdade sem sentido de quem mente... a brisa agonizante quebrando a vidraça da janela, ou,  o juramento de amar para sempre.
A paixão pode ter a ordem ou desordem confusa... luz difusa de palavras habituando a alma à ilusão do eternamente.
Nalgum lugar do caminho, uma mancha a aguarda, oculta, nas sombras da indiferença, ela espreita...
Quando os enamorados tardam em promessas, ela, que tem pressa, se aproxima crescendo faminta de desamor e lança dolorosas suspeitas.
Um clarão, vindo nunca se saberá de onde, vem com intensidade e desfaz a luz que parecia ser tamanha e abocanha sonhos...
A labareda das ventas do dragão queima a paixão, e a sangra... a tomba... e, sem dó, a reduz a pó, e semeia a dor na paz que era do coração... e a escuridão onde havia apenas uma sombra.
Um vento vindo da eclosão calada dos mistérios, vem e leva a poeira dos desejos veementes, para o silêncio da resignação sem esperanças, e reduz tudo ao nada, friamente...sem piedade...
Porém resiste uma lembrança gravada para sempre, no distúrbio quase demente do sofrimento.
 Assim tem sido, e assim será, independente do nosso querer.
O que vai fazer a diferença é como vamos caminhar nessa estrada, ou seja, como nossos pés andarão determinando o caminho.

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